quinta-feira, maio 26, 2005

Tendência vs. Multidão

Encontrei estas palavras proferidas por "marafado" (nick), in caldeiraodebolsa e que me fizeram reflectir sobre uma possível contradição entre seguir a tendência e seguir a multidão que se apresenta no artigo do autor referido intitulado "A importância de não seguir a multidão". As palavras escritas por "marafado" são de grande importância e lembram-nos alguns erros que cometemos quando investimos e coloquei-o aqui para realçar essa importância.
No entanto, para mim seguir uma tendência é seguir uma multidão ou vive-versa. No entanto, o "timing" que escolhemos para a seguir parece mais importante. O ideal será mesmo antecipar um movimento da multidão e da tendência da empresa em que pretendemos investir. Mas sendo difícil a antecipação, uma entrada no seu início será eficaz em termos de ganhos. Claro, que dentro deste raciocínio está o apoio/suporte que devemos fazer, na Análise Técnica e Fundamental, dependendo da preferência de quem investe; e não só, o simples seguir da tendência/multidão, se é que me entendem.
Aconselho, vivamente, a leitura deste texto:
"A importância de não seguir a multidão
As emoções não são as melhores conselheiras quando se trata de investir. Estar consciente desta “ratoeira” é fundamental para tomar as decisões mais correctas. Geralmente reconhecido que os investidores costumam seguir as suas emoções quando se trata de seleccionar quais as acções a adquirir, vender ou ignorar. Em conjunto com uma tendência de excesso de confiança no que respeita às suas próprias competências, as pessoas julgam frequentemente com base em informações inadequadas, atribuindo uma exactidão exagerada às suas previsões e acreditam que não vão cometer os mesmos erros que os outros. Vejamos, por exemplo, o “herding behaviour”, a expressão que é habitualmente utilizada para descrever a forma como os investidores “seguem a multidão”, independentemente da informação que os sinais do mercado ou uma análise rigorosa lhes possa dar. Este comportamento resultou nalgumas “bolhas” famosas na bolsa, tais como o fenómeno do “dotcom”, nos finais dos anos 90. Gustav Le Bon descreveu este comportamento de uma forma pouco lisonjeira. Referiu que os investidores descem “vários degraus da escada da civilização” ao serem influenciados pela mentalidade da multidão. Outros exemplos de tendências comportamentais são aquelas que os investidores parecem adoptar quando estão perante decisões financeiras do dia a dia. Quem nunca efectuou uma compra com cartão de crédito, pensando que, de uma forma ou de outra, obteria mais tarde o dinheiro para o reembolso? Este acto não é totalmente racional, uma vez que o futuro é incerto e que existe um grande risco de não conseguirmos efectuar esses reembolsos. Também temos a cidade de Las Vegas, que parece sempre muito activa, apesar das fracas probabilidades de ganhar o que o jogo proporciona. Não é necessário muito mais para demonstrar a tendência das pessoas para actuar de forma irracional quando se trata de decisões sobre dinheiro. Os “teóricos dos mercados eficientes” acreditam que os preços das acções reflectem toda a informação disponível sobre as empresas e que os mercados de acções reflectem o comportamento racional dos investidores. Porém, talvez esta teoria se esqueça do elemento humano existente na tomada de decisões financeiras. Os investidores não costumam tomar decisões de investimento puramente objectivas e ponderadas. A verdade mais irrefutável é que estas tendências comportamentais afectam todos os participantes no mercado: o facto de todos sermos humanos abala os alicerces da teoria moderna da carteira. Os participantes no mercado, independentemente do seu nível de sofisticação, podem criar as oportunidades de “anomalias” ou “erros nas avaliações” que a teoria dos mercados eficientes nega. Esta visão obteve uma maior credibilidade com a atribuição, em 2002, do Prémio Nobel de Economia ao Professor Daniel Kahneman, da Universidade de Princeton. O Professor Kahneman demonstrou, durante anos, que as decisões dos investidores são diferentes do que a tradicional teoria da economia tinha previsto. O professor demonstra que as nossas decisões estão tão relacionadas com o receio, a incerteza, as tendências pessoais e o nosso ego, como com os dados que recebemos do mercado. Além disso, as opiniões formadas pelos investidores são, refere o professor, objecto de preconceitos. Tal como o “herding behaviour”, Kahneman concorda que as decisões não são tomadas à margem da influência da multidão. Para qualquer um que aceite a teoria moderna da carteira, a ideia de ter de fazer concessões para algo tão imprevisível como a emoção humana, para além de todos os outros factores em causa, deve ser bastante incómodo. Acrescentar este nível de natureza imprevisível à teoria seria uma tarefa inquantificável. Todavia, a “irracionalidade”, termo pelo qual as teorias sobre comportamento costumam designar essas tendências, não significa imprevisibilidade - muito pelo contrário. Tal como Kahneman e outros teóricos sobre comportamento financeiro tentam demonstrar, que os investidores são, de forma incrível e segura, consistentes na sua “irracionalidade”. Deste modo, é possível classificar esses comportamentos, de forma a compartimentar os diversos tipos de comportamento irracional e o efeito desses mesmos comportamentos sobre os movimentos do mercado. Portanto, vamos identificar os comportamentos principais a explorar. Este é um assunto vasto e complexo. Porém, apresentamos uma mão-cheia de atitudes mais comuns a ter em consideração:
1. Aversão aos remorsos - Detestamos perder e temos uma atitude assimétrica ao risco. Quando temos perdas, estamos menos preparados a admitir que cometemos um erro ao vender uma empresa em perdas e vamos manter essa acção ou talvez comprar ainda mais. Todavia, quando registamos ganhos, tomamos uma atitude mais benigna perante o risco e temos tendência para o orgulho inerente ao dizer: “Comprei acções, valorizaram-se e vendi-as”. Estatisticamente, temos três vezes mais tendência a vender uma acção que valorizou do que uma acção que não valorizou. Em termos racionais, deveríamos continuar com as boas e vender as más. É razoável manter uma acção que corre bem e continuar assim, até termos algum sinal de que vai começar a correr mal. Deste modo, enquanto não tivermos sinais de que maus tempos se aproximam, a acção não deve ser vendida. Evidentemente, é muito difícil identificar o ponto máximo do preço de uma acção. Raramente conseguirá identificá-lo. Mas quanto mais mantiver uma acção bem sucedida, mais ganhará, mesmo que o mercado atinja o seu ponto máximo e comece a cair um pouco antes de a vender. Da mesma forma, não se sinta tentado a “apostar de novo” numa acção que tenha tido um mau desempenho.
2. Utilizar “regras práticas” - Quando estamos perante situações em que as consequências são incertas - tais como construir uma carteira de investimentos - utilizamos “regras práticas”, de forma a facilitar o processo de tomada de decisão. Vários investidores podem decidir comprar uma acção que tem tido um mau desempenho, olhando apenas para o preço que costumava ter e assumir que “um dia voltará a alcançar esse preço”, independentemente de qualquer análise financeira adequada sobre o que deveria ser o preço da acção da empresa, com base nos parâmetros de avaliação. Este tipo de tendência comportamental é, por vezes, designada por “ancorar”. Algumas pessoas podem comprar uma acção após um anúncio de resultados que fez com que o preço da acção caísse 50%, acreditando que é barata. Mas, se as expectativas de lucro sofrem um decréscimo maior do que o preço de uma acção, então a acção é, de facto, mais cara, apesar da descida do seu preço. Os investidores deveriam evitar investir nestas situações, assim como deveriam analisar e ter em consideração as avaliações da empresa, com base nas últimas expectativas de resultados e no último preço da acção.
3. Confiança excessiva - Alguns investidores, inclusive profissionais, têm tendência a confiar excessivamente nas suas capacidades de tomar decisões. Este excesso de confiança estende-se aos vários mecanismos do dia a dia. Por exemplo, alguns inquéritos na Suécia demonstram que 80% dos condutores considera-se melhor do que a média. Evidentemente, tal não pode ser verdade. Os investidores têm geralmente um excesso de confiança no que diz respeito à exactidão das suas previsões e não têm respeito suficiente para com o papel que o acaso desempenha nos mercados financeiros. Os investidores deveriam ter consciência de que é fácil cometer erros de investimento e deveriam assim diversificar as apostas e gerir as carteiras de forma prudente e objectiva. Aprender a evitar cometer erros reiterados é uma das mais importantes lições que os gestores de carteira e outros investidores precisam de aprender.
4. Efeito “House money” - este é um termo relacionado com o jogo, porém, tem a sua pertinência no mundo do investimento. Num casino, as pessoas têm mais probabilidades de apostarem com ousadia o dinheiro que acabaram de ganhar, do que o dinheiro que trouxeram para o casino. Em termos de mercado de acções, isto significa que, se um investidor tem um bom desempenho com alguns investimentos, poderá estar tentado a agir com um nível de risco mais alto com futuros investimentos. Os investidores deveriam escolher o perfil de risco adequado para as suas carteiras e mantê-lo. Se uma parte da carteira produz ganhos, os investidores deveriam tentar aplicar o lucro equilibradamente em toda a carteira, em vez de permitir à parte da carteira com risco maior que aumente desproporcionalmente em relação ao resto da carteira."
Bons negócios. Eman

1 comentário:

Anónimo disse...
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