domingo, junho 26, 2005

Trading real (realidade) vs. trading virtual (simulação)

(trading=negociação)

O “paper trading”, isto é, a simulação de situações reais de negociação, é aconselhável não só para os mais novatos mas para todos. Existe sempre aquela altura em que os erros nas nossas análises e investimentos começam a ter consequências (bastante) negativas para a nossa carteira... Aí, devemos ter o discernimento e consciência de que algo não está bem e “parar” por uns tempos... a simulação será a resposta para não nos afastarmos totalmente daquilo que gostamos, ou seja, ao mesmo tempo que não perdemos “a prática” (simulada, é certo) temos também tempo para ver o que se passa e que erros é que estaremos a cometer.
Por isso, a simulação (paper trading) deveria fazer sempre parte do início de qualquer investidor e dos momentos em que são necessários ajustes... porque o mercado não perdoa erros, apesar de ser amigo.
Experimentar na realidade pode (estou certo que tem) ter consequências económicas (vamos só apontar estas) desastrosas para quem se inicia na negociação de acções ou de qualquer activo em que o processo seja semelhante... costumam dizer, que para se ser conhecedor e ter sucesso na bolsa, deve-se passar primeiro por perdas, no sentido de que só assim se conhece o mercado bolsista e só assim se pode ter o sabor da vitória=sucesso (depois do sabor da derrota=insucesso).
Embora concorde que se aprende com os próprios erros, penso também que nem sempre é assim... claro que é normal haver uma maior percentagem de erro no início, porque se entra num processo de aprendizagem e experimentação de um novo mundo, ao qual nos temos que adaptar, mas que nos custa bastantes euros. Por este facto, aconselho vivamente a simulação para se diminuir os erros que na realidade deixam “cicatrizes” bastante profundas num historial bolsista de qualquer investidor. No entanto, chamo a atenção de um factor que será importante para que a simulação esteja o mais perto possível da realidade e tenha os resultados pretendidos, ou seja, aprendizagem e amadurecimento enquanto investidor: a situação de simulação tem que ser vivida como se fosse a realidade... de forma mais intensa possível. Se isto não acontecer estamos a pôr em causa todo o processo de aprendizagem e maturação.
Dou o meu exemplo... tenho vindo a experimentar no CarregosaTrader algumas situações como a Google e o S&P500. Utilizei-as mais no sentido de verificar até que ponto algumas opiniões podem estar certas, mas não segui estes investimentos “afincadamente” e diariamente (também é preciso tempo e disponibilidade)... resumindo, deixei andar. Isto não interessa! Tenho agora uma posição longa na PT a 7.97 e também não utilizei qualquer sistema para decidir sobre as diferentes situações que pudessem surgir... apenas abri a posição e deixei andar, mais uma vez. Isto também não interessa! Brincar na simulação sim (até serve de descontração) mas o pretendido é uma "realidade virtual".

Este submundo até é relativamente simples... existe um comprador e um vendedor... o comprador quer vender a sua mercadoria a um preço mais alto do que a comprou e o vendedor quer comprar a um preço mais baixo... isto num mercado de posições longas e curtas. Num mercado de posições, unicamente, longas o verdadeiro objectivo do investidor é, sempre, vender a sua mercadoria a um preço mais alto e quanto mais alto, melhor... nada tão simples como isto, não é?

Só que este submundo relativamente simples é composto por seres humanos... que sentem!
Penso que não há dúvidas de que quando um investidor entra na negociação, o sentimento preponderante é a Ansiedade que resulta num aumento da excitação físiológica/psicológica consequente a qualquer situação percepcionada por nós como nova, preocupante ou perigosa. O medo de perder ou da perda económica (do caos, desordem) estará por detrás deste sentimento ansioso, no meu entender. Alguns sintomas físicos acompanham este sentir, como a taquicardia, tremores, suores, tensão muscular, boca seca, pensamento agitado (muitas ideias passam pela cabeça) e a confusão nas decisões está, desta forma, instalada. Deste modo, quem tem um tipo de personalidade mais ansioso, terá mais probabilidades de errar e de insucesso do que um tipo de personalidade em que a excitação ansiosa seja menor.
Por este motivo, a disciplina e um sistema personalizado (método) irá ajudar não só os mais ansiosos como todos os que pretendem ter sucesso nos seus investimentos... o “papertrading” é assim o meio pelo qual (se levado a sério) poderá acontecer a dessensitização/dessensibilização do sentir tornando-o mais moderado e controlado. Mas será necessário tempo (3 a 4 meses de negociação em simulação) e intensidade para que sejam obtidos alguns resultados... o processo é de uma contínua e progressiva habituação a situações de negociação e procura de respostas adequadas para cada uma delas, tornando os investidores menos instintivos e mais racionais.
A partir daqui, a entrada na realidade deverá ser feita para, agora, tirar “a prova dos nove” do que foi realizado na simulação... claro, que não vamos conseguir ser os investidores perfeitos, mas também não é o pretendido! Os que o pretendem devem continuar na simulação... o objectivo é ter menos perdas do que ganhos e que esta diferença seja substancialmente adequada para podermos alcançar a satisfação pessoal. Por isso, o objectivo primordial (como já o afirmei antes) é a defesa do nosso capital... este capital investido deve ser inversamente proporcional ao nosso índice de ansiedade e não deve ser aquilo que necessitamos para o nosso dia-a-dia. Caso o investidor percepcione que o seu processo de aprendizagem e maturação falhou, deve voltar à simulação.

Bons investimentos para todos.
EnglishMan

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